quinta-feira, 29 de junho de 2017

Não superexponha a felicidade



Não se trata de esconder a felicidade a sete chaves, pois nem você irá achá-la. Mas não a superexponha, como um troféu na vitrine. Isso é tudo, principalmente vaidade e euforia, menos felicidade.  Se você possui um amor correspondido, preserve-o. Se tem tido conquistas, proteja-as. Se é feliz, agradeça e siga discretamente assim. Em tempos de redes sociais, isso pode trazer mais ganhos do que perdas. 

Se você não percebeu, felicidade demais - ainda que seus estereótipos - às vezes incomoda quem não consegue ou não sabe ser minimamente feliz. Pode despertar a dor e a cobiça. Sim, cuidado, existem ladrões de felicidade capazes de furtá-la sorrateiramente, com seus campos magnéticos negativos. São estranhos, conhecidos e até mesmo nós, quando o ego não nos deixa ver que não é preciso muito para ser feliz.

Cada vez mais acho que a felicidade mora em momentos triviais, precisando apenas de entrega, atenção e... privacidade. Ela vem não apenas da alegria, mas do que é emocional e essencial e isso é impalpável e invisível. Como o bem-estar, o autoconhecimento e a paz interior. Até mesmo decepções, frustrações e tristeza, vividos sem subterfúgios, nos fazem aprender a ter mais felicidade, a valorizar sua essência no dia a dia.

A felicidade não pede por holofotes e audiência, mas muitos parecem ignorar isso, preferindo esfregar o seu pretenso sentimento nas caras dos outros. Para esses, ser feliz é ter casas luxuosas, carros possantes, vinhos raros, viagens caras, aparências exuberantes e amores de romance. Tudo bonito e perfeito.

Nada contra sucesso, conforto, beleza... No entanto, esses são meros acessórios externos de felicidade, perecíveis cascas que esfarelam se não há o que as sustente.  A exibição dessas fachadas felizes cria uma mórbida simbiose entre os que invejam e os que gostam de ser invejados, provocando amargura tanto em quem não as possui como em quem as ostenta mas por dentro vive um grande vazio existencial.

Quem é feliz não faz alarde, nem pretende instigar a infelicidade alheia. Conquistas pessoais e materiais sem dúvida alimentam a sensação de felicidade, mas supervalorizar e expor isso pode nos tornar alvos de furtos de felicidade. Quem não quer correr riscos prefere buscar de forma silenciosa seus objetivos, sem perder o foco da felicidade genuína, que é interna. Somente ela pode levar à plenitude.  



Texto: Nadja Bereicoa
Imagem: Pixabay





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