segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

De presente, a felicidade



Em clima de harmonia, paz e alegria, celebrei o último Natal em minha casa pela primeira vez, ao lado de marido, filhos, irmãos, cunhados e sobrinhos.  O aniversário de Cristo foi momento de reflexão, de celebrar o amor e sentimentos dele derivados, como tolerância, união, fraternidade e perdão. Optei por mais simbolismos e menos consumismo e ofereci a todos irreverentes ´kits de felicidade`, junto a um texto que escrevi. Não eram fórmulas, que não existem, mas metáforas.

De modo literal ou literário, oito itens renderam esta crônica natalina: um saco, um fitilho, um bombom, um bloco para anotações, um lápis, uma borracha, um elástico e um chá de camomila. Comecemos pelo bombom, porque doçura é imprescindível na vida e chocolate - já está cientificamente provado - traz alegria. Mesmo que você tenha restrições ao açúcar na sua dieta, pode acrescentá-lo ao seu dia com gentileza, solidariedade, ternura e sorrisos. O mundo, tão amargo, lhe agradecerá.

Quanto ao lápis e ao bloco, minha sugestão é para que você escreva, ainda que para si, sobre o que tem vivido, observado, sofrido. Registre memórias e sentimentos. É uma terapia, perceba aos poucos. Se preferir, deixe fluir uma poesia ou enumere tudo de bom que lhe aconteceu e liste sonhos, ideias e metas, lembrando que muitos não se concretizarão por algum motivo. Foi assim em 2016?! Não se culpe! Culpas são pesos injustos.

Nada melhor do que um ano com páginas em branco para criar ou reescrever capítulos e histórias, com cenários e personagens inéditos, mas nas páginas já preenchidas podemos usar a borracha do perdão para apagar erros do passado, nossos e alheios. Claro que alguns, com tinta indelével, precisam continuar ali, com suas fortes marcas a nos ensinar.  Outros, porém, desaparecerão e uns deixarão fracos vestígios. O importante é apagarmos os ressentimentos. A gente não merece sentir de novo, ressentir, o que doeu.

Momentos ruins servem para ser enfrentados e nos proporcionar crescimento espiritual. O elástico, que se estica, se flexibiliza e volta ao seu estado normal, representa a capacidade de superação, adaptação e resiliência que devemos adquirir diante de problemas, frustrações e divergências que se apresentam. A elasticidade exemplifica também a nossa tolerância com os outros, ainda que discordemos veementemente de seus pontos de vista.

Os seres humanos são diferentes, imperfeitos e surpreendentes, para o bem e o mal, o que torna a vida tão fantástica quanto difícil. Conflitos e crises sempre existirão, mas não serão resolvidos se guerrearmos, e sim se buscarmos o entendimento. Por isso, na hora de ânimos exaltados, pense bem antes de agir para evitar arrependimentos. Respire fundo, conte até dez, beba um chá de camomila e deixe a raiva passar.

Um saco transparente e um fitilho dourado também têm significados poéticos.  A embalagem é onde armazenamos com carinho o que de melhor podemos oferecer aos outros, nossos mais caros presentes. O longo laço representa nosso bem mais valioso: os nossos afetos. Família e amigos ajudaram a construir nossas histórias e lembranças. Eles valem ouro e são para a vida toda.

Meu kit foi uma brincadeira para inspirar. Não existem fórmulas de felicidade, tão cíclica quanto necessidades e desejos que surgem durante a vida. Criamos receitas, que às vezes desandam, não dão certo e nos fazem usar novos ingredientes. O certo é que alguns, como o amor, são indispensáveis. Não podem faltar, feito farinha e fermento em bolo. Precisamos, acima de tudo, de vontade genuína para testar, tentar, errar e acertar, para nos fazer felizes e aos outros também. Felicidade é constante aprendizado e nosso melhor presente.



Texto: Nadja Bereicoa

Imagens: Pixabay 

 



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