sexta-feira, 6 de maio de 2016

Para minha mãe

















É época de celebrar sua vida
no milagre de se perpetuar
em cada firme ensinamento
e em cada doce momento.

Época de acariciar a ferida
de sentir a saudade latejar
e me trazer de volta você
orando, ralhando, cuidando...

Época de sorrir e de chorar
com o ocaso de tantos anos,
vendo como a sua luta valeu:
nada foi, é ou será por acaso.

Se não houve tempo de me dizer muito,
bastou-me seu amor imenso e mudo
que precisou renunciar ao mundo.

Se me diferencio na trilha que traço,
é em essência que a ti me assemelho,
meu primeiro e inesquecível espelho.

E se não tenho mais o seu abraço,
a sua presença até o fim pulsará
dentro de mim, meu eterno regaço.


Poema: Nadja Bereicoa
Foto: Aparecida Farias